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5 mil mineiros aguardam na fila do SUS por uma prótese


Em alguns casos, a espera pode chegar a mais de três anos, conforme apontam associações de deficientes físicos

Pelo menos 5 mil deficientes físicos de Minas Gerais estão na fila de espera para conseguir uma prótese ou uma órtese pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A estimativa é da Coordenadoria de Atenção à Saúde da Pessoa com Deficiência, vinculada ao Governo estadual. Em alguns casos, a demora pode chegar a mais de três anos.

O Ministério da Saúde (MS) não divulga a demanda reprimida de pacientes nos demais estados, apenas o ranking de equipamentos cedidos. O território mineiro ocupa a quarta colocação entre os que mais receberam aparelhos. À frente estão Rio de Janeiro, São Paulo e Distrito Federal.

De janeiro a agosto deste ano, 15.332 pacientes foram beneficiados com próteses ou órteses em Minas. O número é 18,1% maior que o registrado nos 12 meses de 2009. Para receber o equipamento, o deficiente deve procurar a Secretaria de Saúde de sua cidade. Em seguida, ele é encaminhado para um dos centros de reabilitação espalhados pelo Estado. Para atender todos os 857 municípios mineiros, existem apenas 20 unidades.

A Secretaria Estadual de Saúde (SES) elabora dois projetos para a construção de novos postos de reabilitação em Belo Horizonte e Itabira, na Região Central de Minas. A documentação ainda precisa ser entregue ao MS. Segundo a responsável pela Coordenadoria de Atenção à Saúde da Pessoa com Deficiência, Mônica Farina, mais do que ampliar a quantidade de centros, é necessário aumentar a capacidade de atendimento nos locais existentes.

De acordo com o gestor da União dos Paraplégicos de Belo Horizonte (Unipab), Maurício Pinheiros, o drama de quem precisa da prótese esbarra na burocracia.

Mesmo com a documentação completa em mãos e os laudos médicos em dia, a cobrança tem que ser constante para se conseguir o aparelho. “Não basta ir até o centro de reabilitação. O deficiente tem que ligar e exigir seu direito insistentemente. Temos casos, em especial no interior, que demoram dois, três ou até quatro anos para serem resolvidos”, afirma o gestor da Unipab.

Pinheiros aponta que a situação é diferente em BH. Segundo ele, na capital o processo tende a ser mais ágil. A metrópole lidera o ranking das cidades mineiras que mais receberam o serviço oferecido pelo SUS. Até a primeira quinzena de dezembro deste ano, foram entregues aos usuários 2.825 órteses e próteses, além de 431 cadeiras de roda, totalizando 3.256 equipamentos. O número é 250% maior se comparado com todo o ano passado, quando foram disponibilizados 928 aparelhos.

São fornecidos aos usuários quatro tipos de cadeira de rodas: a convencional (modelo padrão); a personalizável (para pacientes tetraplégicos); a personalizada (sob medida, de acordo com as especificidades de cada paciente) e a cadeira de banho.

Em BH, órteses, próteses e meios auxiliares são conseguidos em dois centros de reabilitação. Além da capital, outros 292 municípios são atendidos nas unidades. O prazo para entrega das cadeiras pelo fornecedor contratado varia de acordo com o equipamento. Cadeiras de roda convencional e personalizável são liberadas em 45 dias. A personalizada chega em dois meses. Após a fabricação, são realizados testes com os pacientes para garantir melhor adaptação. Nos casos das demais órteses ou próteses, todos os equipamentos precisam ser sob medida.

Aguardar na fila de espera do SUS para receber uma prótese gratuita significa, para a maioria dos pacientes, uma grande angústia. É o caso do técnico de segurança Ozéias dos Santos, 33 anos, morador do Bairro Tirol, no Barreiro, em BH. Aos 14 anos, ele perdeu o antebraço direito, a mão esquerda e a perna direita após achar um relógio antigo na Praça da Estação, no Centro, onde estava escondida uma bomba. O dispositivo explodiu, atingindo outras três pessoas. Somente Ozéias se feriu gravemente.

Passados quase 20 anos, Ozéias teve que aprender a viver com as limitações. Para se locomover, usa uma perna mecânica. Ele é casado, pai de uma criança de dois anos e realiza várias atividades sozinho. Liga a televisão, se alimenta, escreve e usa o computador. Recentemente, se formou no curso de técnico de segurança. No entanto, sua prótese precisava ter sido substituída por uma nova há mais de três anos.

No início do segundo semestre deste ano, Ozéias foi até um dos centros de reabilitação da capital para tentar obter uma nova prótese junto ao SUS. “Quero trocar para voltar ao mercado de trabalho e continuar fazendo todas as minhas atividades”, disse. Ele, porém, ainda não teve um retorno.


Fonte: Jornal Hoje em dia

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5 mil mineiros aguardam na fila do SUS por uma prótese


Em alguns casos, a espera pode chegar a mais de três anos, conforme apontam associações de deficientes físicos

Pelo menos 5 mil deficientes físicos de Minas Gerais estão na fila de espera para conseguir uma prótese ou uma órtese pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A estimativa é da Coordenadoria de Atenção à Saúde da Pessoa com Deficiência, vinculada ao Governo estadual. Em alguns casos, a demora pode chegar a mais de três anos.

O Ministério da Saúde (MS) não divulga a demanda reprimida de pacientes nos demais estados, apenas o ranking de equipamentos cedidos. O território mineiro ocupa a quarta colocação entre os que mais receberam aparelhos. À frente estão Rio de Janeiro, São Paulo e Distrito Federal.

De janeiro a agosto deste ano, 15.332 pacientes foram beneficiados com próteses ou órteses em Minas. O número é 18,1% maior que o registrado nos 12 meses de 2009. Para receber o equipamento, o deficiente deve procurar a Secretaria de Saúde de sua cidade. Em seguida, ele é encaminhado para um dos centros de reabilitação espalhados pelo Estado. Para atender todos os 857 municípios mineiros, existem apenas 20 unidades.

A Secretaria Estadual de Saúde (SES) elabora dois projetos para a construção de novos postos de reabilitação em Belo Horizonte e Itabira, na Região Central de Minas. A documentação ainda precisa ser entregue ao MS. Segundo a responsável pela Coordenadoria de Atenção à Saúde da Pessoa com Deficiência, Mônica Farina, mais do que ampliar a quantidade de centros, é necessário aumentar a capacidade de atendimento nos locais existentes.

De acordo com o gestor da União dos Paraplégicos de Belo Horizonte (Unipab), Maurício Pinheiros, o drama de quem precisa da prótese esbarra na burocracia.

Mesmo com a documentação completa em mãos e os laudos médicos em dia, a cobrança tem que ser constante para se conseguir o aparelho. “Não basta ir até o centro de reabilitação. O deficiente tem que ligar e exigir seu direito insistentemente. Temos casos, em especial no interior, que demoram dois, três ou até quatro anos para serem resolvidos”, afirma o gestor da Unipab.

Pinheiros aponta que a situação é diferente em BH. Segundo ele, na capital o processo tende a ser mais ágil. A metrópole lidera o ranking das cidades mineiras que mais receberam o serviço oferecido pelo SUS. Até a primeira quinzena de dezembro deste ano, foram entregues aos usuários 2.825 órteses e próteses, além de 431 cadeiras de roda, totalizando 3.256 equipamentos. O número é 250% maior se comparado com todo o ano passado, quando foram disponibilizados 928 aparelhos.

São fornecidos aos usuários quatro tipos de cadeira de rodas: a convencional (modelo padrão); a personalizável (para pacientes tetraplégicos); a personalizada (sob medida, de acordo com as especificidades de cada paciente) e a cadeira de banho.

Em BH, órteses, próteses e meios auxiliares são conseguidos em dois centros de reabilitação. Além da capital, outros 292 municípios são atendidos nas unidades. O prazo para entrega das cadeiras pelo fornecedor contratado varia de acordo com o equipamento. Cadeiras de roda convencional e personalizável são liberadas em 45 dias. A personalizada chega em dois meses. Após a fabricação, são realizados testes com os pacientes para garantir melhor adaptação. Nos casos das demais órteses ou próteses, todos os equipamentos precisam ser sob medida.

Aguardar na fila de espera do SUS para receber uma prótese gratuita significa, para a maioria dos pacientes, uma grande angústia. É o caso do técnico de segurança Ozéias dos Santos, 33 anos, morador do Bairro Tirol, no Barreiro, em BH. Aos 14 anos, ele perdeu o antebraço direito, a mão esquerda e a perna direita após achar um relógio antigo na Praça da Estação, no Centro, onde estava escondida uma bomba. O dispositivo explodiu, atingindo outras três pessoas. Somente Ozéias se feriu gravemente.

Passados quase 20 anos, Ozéias teve que aprender a viver com as limitações. Para se locomover, usa uma perna mecânica. Ele é casado, pai de uma criança de dois anos e realiza várias atividades sozinho. Liga a televisão, se alimenta, escreve e usa o computador. Recentemente, se formou no curso de técnico de segurança. No entanto, sua prótese precisava ter sido substituída por uma nova há mais de três anos.

No início do segundo semestre deste ano, Ozéias foi até um dos centros de reabilitação da capital para tentar obter uma nova prótese junto ao SUS. “Quero trocar para voltar ao mercado de trabalho e continuar fazendo todas as minhas atividades”, disse. Ele, porém, ainda não teve um retorno.


Fonte: Jornal Hoje em dia

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